"HÁ A IDEIA DE UM DIVÓRCIO
ENTRE AS PESSOAS E A POLÍTICA"
Há dezoito anos na casa que a viu crescer enquanto profissional, Raquel Alexandra, jornalista de política da SIC, diz sentir-se “feliz” onde está, naquilo que faz e encantada pela área na qual se especializou. Indiferente a críticas ao seu trabalho, não descarta a hipótese de vir a ser política.
Antes de mais, porque é que gosta de jornalismo político?
Não sei bem. Perguntar-me porque é que gosto de jornalismo político é o mesmo que eu lhe perguntar porque é que gosta de chocolate. Sei que, desde sempre, a política foi a área do jornalismo que mais gostei de fazer. Depois, acabei por me especializar, quer na vertente jornalística, quer na vertente académica, em direito, precisamente porque o direito constitucional é a área mais próxima da política. Esta é uma área em que eu me sinto bem, me sinto confortável e que de alguma forma mexe comigo.
Denoto em si um certo encantamento pela política…
Sim, eu gosto muito de política. Acho que as pessoas olham a política de uma forma injusta. Como em todas as profissões, há bons e maus políticos, como há bons e maus jornalistas. Acho que a política é uma área nobre. A política é a forma de se poder melhorar e fazer coisas diferentes com a vida das pessoas. Provavelmente tem algo de utópico, algo de sonhador de que eu gosto. Gosto dessa capacidade de criar coisas através da vida das pessoas e poder melhorá-las de alguma forma. Isso é para mim muito importante.
Falemos agora do programa “Como Nunca os Viu”. A Raquel deu, com este formato, a possibilidade aos telespectadores de conhecer o outro lado do político. Acha importante conhecer-se esse outro lado?
Claro que sim. Os políticos são pessoas como nós e acho que é importante mostrar isso às pessoas. Há, na sociedade portuguesa, a ideia de um divórcio entre as pessoas e a política. Provavelmente, isso deve-se ao facto de, em determinada altura, os políticos se esconderem por detrás de posturas, de imagens, de registos que, de alguma forma os distanciou das pessoas. Quando eu pensei no programa “Como Nunca os Viu”, a minha ideia foi, precisamente, mostrar que aquelas são pessoas iguais às outras e que têm sentimentos, porque, na realidade, é preciso que as pessoas se aproximem da política. Sem a participação das pessoas, a política perde o suporte real que é importante para que as coisas possam, um dia, ser melhores.
Não sei bem. Perguntar-me porque é que gosto de jornalismo político é o mesmo que eu lhe perguntar porque é que gosta de chocolate. Sei que, desde sempre, a política foi a área do jornalismo que mais gostei de fazer. Depois, acabei por me especializar, quer na vertente jornalística, quer na vertente académica, em direito, precisamente porque o direito constitucional é a área mais próxima da política. Esta é uma área em que eu me sinto bem, me sinto confortável e que de alguma forma mexe comigo.
Denoto em si um certo encantamento pela política…
Sim, eu gosto muito de política. Acho que as pessoas olham a política de uma forma injusta. Como em todas as profissões, há bons e maus políticos, como há bons e maus jornalistas. Acho que a política é uma área nobre. A política é a forma de se poder melhorar e fazer coisas diferentes com a vida das pessoas. Provavelmente tem algo de utópico, algo de sonhador de que eu gosto. Gosto dessa capacidade de criar coisas através da vida das pessoas e poder melhorá-las de alguma forma. Isso é para mim muito importante.
Falemos agora do programa “Como Nunca os Viu”. A Raquel deu, com este formato, a possibilidade aos telespectadores de conhecer o outro lado do político. Acha importante conhecer-se esse outro lado?
Claro que sim. Os políticos são pessoas como nós e acho que é importante mostrar isso às pessoas. Há, na sociedade portuguesa, a ideia de um divórcio entre as pessoas e a política. Provavelmente, isso deve-se ao facto de, em determinada altura, os políticos se esconderem por detrás de posturas, de imagens, de registos que, de alguma forma os distanciou das pessoas. Quando eu pensei no programa “Como Nunca os Viu”, a minha ideia foi, precisamente, mostrar que aquelas são pessoas iguais às outras e que têm sentimentos, porque, na realidade, é preciso que as pessoas se aproximem da política. Sem a participação das pessoas, a política perde o suporte real que é importante para que as coisas possam, um dia, ser melhores.
Houve algum candidato que a tenha surpreendido?
Apesar de tudo, há sempre algo nas outras pessoas que nos surpreende. Por muito que as possamos conhecer, temos sempre a capacidade de sermos surpreendidos por elas. Isso faz parte da vida, faz parte do mundo e, se calhar por eu ter feito sempre jornalismo político e querer continuar a fazer, essa capacidade de vir a ser sempre surpreendida por essas pessoas faz parte do meu mundo do jornalismo.
Falando de surpresa, surpreendem-lhe as críticas a estes seus trabalhos com maior visibilidade?
Não, de forma alguma. Eu acho que, quando se tenta fazer algo diferente, existe alguma resistência à mudança, mas eu acho que isso é normal. É normal que existam pessoas que gostam e outras que não gostam. Isso não me surpreende, não me irrita, não me chateia. O que eu acho realmente importante, e se assim não o fosse, nós não estaríamos hoje, alguns meses depois, a falar sobre isso, é que as pessoas tenham aprendido algo com esse trabalho. É essa a minha inspiração cada vez que eu faço trabalhos desse género.
Falemos do badalado programa “Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios”. Eu cito Miguel Sousa Tavares na sua crónica no Expresso: “se a informação está agora a cargo dos humoristas, qual será o papel dos jornalistas no futuro breve – contar anedotas? Depois da política espectáculo, eis que demos o passo seguinte, o espectáculo-política. E todos acham normal.”
A Raquel acha normal?
Acho que é normal. Acho que faz parte da realidade da comunicação. O trabalho dos Gato Fedorento não tem nada a ver com informação e os políticos quando iam ao programa sabiam qual era o enquadramento. Isso não torna o trabalho deles mais fácil. O trabalho deles é muito complicado no sentido em que as perguntas que eles faziam aos políticos eram extremamente provocatórias. É uma vertente que nada tem a ver com informação ou com jornalismo. Confundir as duas coisas não me parece saudável, porque quando mais se confundem mais as fronteiras ficam pouco definidas.
Uma coisa é o trabalho dos Gato Fedorento, outra é o trabalho dos jornalistas de política. Acho que as fronteiras entre aquilo que é política, humor e jornalismo ficaram bem mais claras depois do programa dos Gato Fedorento.
Acha que este género de programas, e falemos deste em concreto, pioneiro em Portugal, tem influência na forma como o eleitorado vê o político?
Talvez. Provavelmente os políticos que lá foram surpreenderam as pessoas com o seu sentido de humor. Uma coisa é verdade, as pessoas gostam deste tipo de trabalho e isso é comprovado através das audiências que neste caso foram muitos boas.
Para terminar Raquel, há tantos anos nos bastidores da política, já pensou em passar para o outro lado?
Sim, já pensei. Tive algumas solicitações nesse sentido mas eu sou muito feliz onde estou. Gosto muito daquilo que faço e enquanto gostar quero continuar a fazer. Passar para o lado de lá é uma decisão irreversível na minha carreira que eu, neste momento, não quero tomar.
Apesar de tudo, há sempre algo nas outras pessoas que nos surpreende. Por muito que as possamos conhecer, temos sempre a capacidade de sermos surpreendidos por elas. Isso faz parte da vida, faz parte do mundo e, se calhar por eu ter feito sempre jornalismo político e querer continuar a fazer, essa capacidade de vir a ser sempre surpreendida por essas pessoas faz parte do meu mundo do jornalismo.
Falando de surpresa, surpreendem-lhe as críticas a estes seus trabalhos com maior visibilidade?
Não, de forma alguma. Eu acho que, quando se tenta fazer algo diferente, existe alguma resistência à mudança, mas eu acho que isso é normal. É normal que existam pessoas que gostam e outras que não gostam. Isso não me surpreende, não me irrita, não me chateia. O que eu acho realmente importante, e se assim não o fosse, nós não estaríamos hoje, alguns meses depois, a falar sobre isso, é que as pessoas tenham aprendido algo com esse trabalho. É essa a minha inspiração cada vez que eu faço trabalhos desse género.
Falemos do badalado programa “Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios”. Eu cito Miguel Sousa Tavares na sua crónica no Expresso: “se a informação está agora a cargo dos humoristas, qual será o papel dos jornalistas no futuro breve – contar anedotas? Depois da política espectáculo, eis que demos o passo seguinte, o espectáculo-política. E todos acham normal.”
A Raquel acha normal?
Acho que é normal. Acho que faz parte da realidade da comunicação. O trabalho dos Gato Fedorento não tem nada a ver com informação e os políticos quando iam ao programa sabiam qual era o enquadramento. Isso não torna o trabalho deles mais fácil. O trabalho deles é muito complicado no sentido em que as perguntas que eles faziam aos políticos eram extremamente provocatórias. É uma vertente que nada tem a ver com informação ou com jornalismo. Confundir as duas coisas não me parece saudável, porque quando mais se confundem mais as fronteiras ficam pouco definidas.
Uma coisa é o trabalho dos Gato Fedorento, outra é o trabalho dos jornalistas de política. Acho que as fronteiras entre aquilo que é política, humor e jornalismo ficaram bem mais claras depois do programa dos Gato Fedorento.
Acha que este género de programas, e falemos deste em concreto, pioneiro em Portugal, tem influência na forma como o eleitorado vê o político?
Talvez. Provavelmente os políticos que lá foram surpreenderam as pessoas com o seu sentido de humor. Uma coisa é verdade, as pessoas gostam deste tipo de trabalho e isso é comprovado através das audiências que neste caso foram muitos boas.
Para terminar Raquel, há tantos anos nos bastidores da política, já pensou em passar para o outro lado?
Sim, já pensei. Tive algumas solicitações nesse sentido mas eu sou muito feliz onde estou. Gosto muito daquilo que faço e enquanto gostar quero continuar a fazer. Passar para o lado de lá é uma decisão irreversível na minha carreira que eu, neste momento, não quero tomar.
Entrevista: PEDRO FERNANDES
Jornalismo Político-2ºano
2009
Uma grande professora e, sem dúvida, uma optima jornalista! :D
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